Quando a morte foi Criada

1. Quando a morte foi criada no mundo?

Das palavras do Talmud é explicado que quando D-us criou Seu mundo, não havia realidade de morte, nem em humanos nem em animais. Existem até mesmo opiniões no midrash que mesmo o anjo da morte não foi criado no momento da  criação do mundo, e a morte foi criada somente após Adão haver transgredido o mandamento do Criador e comer do fruto da árvore do conhecimento (etz hadaat), conforme está escrito na Torá (Bereshit 2:17) ‘Pois no dia em que você comer dele (do fruto proibido) morrerá’, assim explicam muitos dos rishonim, como o Ramban (Nachmaniades), Rabeinu Bahye, e outros.

Fica claro pelas palavras do Zohar que mesmo sem o pecado da Árvore do Conhecimento, havia uma realidade de morte  no mundo, desde o dia em que  Adão foi criado, porque tudo o que é material e corpóreo acaba por decair e perecer e retornar à sua raiz e fundação, e a punição mencionada na Torá por comer a Árvore do Conhecimento ‘porque no dia em que você comer dela, morrerá’, é a morte prematura como punição, e no comentário mencionamos longamente que há contradições nas palavras do Livro Sagrado do Zohar neste assunto.

E o que foi argumentado se a morte foi criada pelo pecado da árvore do conhecimento, ou já na criação do mundo, devemos nos apegar ao que nossos sábios discutiram no Midrash sobre quando o ‘anjo da morte’ foi criado, se quando Adão e Eva passaram pela ordem de D-us de não comer da árvore do conhecimento, e este método é consistente e correto de acordo com o método do Ramban, segundo o qual somente a partir do pecado da árvore do conhecimento a morte foi criada; ou, de acordo com outra opinião no midrash, segundo a qual o anjo da morte foi criado no primeiro domingo ou na primeira segunda-feira do Gênesis, e este método é consistente com o Zohar segundo o qual a morte foi criada já a partir dos seis dias da Criação.

2. A morte é a ausência de vida ou uma nova criação?

Nosso Mestre o Rambam (Maimônides) acredita que a morte não é uma criação em si, mas é a ausência de vida, e de fato o Rambam acredita que toda realidade é ‘a ausência’, ou seja, algo que faz falta não é a criação em si, assim como a escuridão é a ausência e a falta de luz, e o descanso é a falta e a ausência de ofício, então a morte é a cessação da vida, e não é criação por si. Contudo, muitos de nossos mestres acreditam que a morte é a criação e o poder renovado que é criado no momento do falecimento, assim como a criação das trevas.