Leis de Purim

Do Livro “Chazon Ovadia” – Leis de Purim

 

Taanit Esther

Uma mulher grávida de três ou mais meses está isenta de jejuar. E se ela sofrer de vômitos, palpitações ou grande fraqueza, ela pode comer antes mesmo de completar três meses de gravidez. (pág. 37)

Mesmo que tenha parado de amamentar seu filho, uma mulher que esteja dentro de 24 meses após o parto e se sinta extremamente fraca, está isenta de jejuar. (pág. 38)

Uma mulher que sofreu um aborto está isenta de jejuar dentro de trinta dias após o aborto. E é óbvio que uma mulher que deu à luz está isenta de jejuar dentro de trinta dias após o parto, e não pode jejuar ainda que queira. (pág. 38)

Um doente, mesmo não correndo perigo, está isento e não pode jejuar. Além disso, aqueles que sofrem de extrema fraqueza não precisam jejuar. E um homem extremamente idoso que apresenta fraqueza, não pode jejuar. (pág. 39)

Mesmo alguém que só esteja com uma dor no olho não deve jejuar, e quando se recuperar, fará um novo jejum para compensar, a menos que tenha comido de acordo com prescrição médica, pois neste caso não há necessidade de compensar o jejum. (pág.39)

Aquele que tem de viajar e o jejum se torna difícil para ele, deve se esforçar e jejuar. (pág. 42)

Noiva e noivo dentro dos sete dias após o casamento estão isentos de jejum. (pág. 42)

Três baalê habrith: o pai do bebê no dia do brit milá (circuncisão), o sandak (aquele que segura o bebê na hora do brit) e o mohel, estão isentos de jejum, e não podem jejuar, pois o dia do brit para eles e considerado Yom Tov. (pág. 42).

 

Zecher (Lembrança) do Mahatsit HaShekel (½ Shekel de prata)

Algumas pessoas costumam coletar na noite de Purim antes da leitura da Megillah “Zecher LeMahatsit HaShekel”; deve-se dar uma quantia igual a cerca de nove gramas de prata refinada de acordo com a cotação da prata bruta a cada ano . E é bom dar também por sua esposa e filhos pequenos. Portanto, todo homem que tiver recursos deve dar em seu nome e em nome de sua esposa e de seus filhos. No entanto, se estiver passando por dificuldades financeiras, ele poderá dar meio shekel por si, e por cada membro de sua família, uma moeda de menor valor de acordo com suas possibilidades. Essas doações, que são uma lembrança do ½ shekel, serão destinadas em benefício das Yeshivot e instituições da Torá. (pag. 101,105)

Uma pessoa que tem o hábito de doar um dízimo (“maasser” -10%) de seus lucros todos os meses não pode deduzir o zecher do ½ Shekel do dízimo; somente se ele fez uma condição e disse explicitamente na época que começou a separar os dízimos bli neder (“sem promessa”), e estiver passando por dificuldades financeiras, pode deduzir o zecher do ½ shekel dos dízimos.

 

Leitura da Meguila

Não se deve comer antes de ouvir a leitura da Meguilá, e não há diferença quanto a isso entre a leitura da Meguilá à noite ou de manhã. Portanto, as mulheres devem ter cuidado para não comer no dia de Purim até que seus maridos voltem da sinagoga e leiam a Meguila para elas e, desta forma, cumpram a mitsva. De qualquer forma, é permitido comer um pouco de frutas ou o equivalente a menos de 56 gramas (kabeitsa) de pão ou bolo, ou beber chá ou café antes da leitura. E aquele que se cuidar de não provar nada antes da leitura da Meguila, uma bênção virá sobre ele. (Chazon Ovadia, Purim p. 95)

Aqueles que estão jejuando e têm dificuldade em permanecer em jejum na noite de Purim até após a leitura da Meguilá, podem degustar uma quantidade inferior a um kabeitsa de uma torta ou um bolo, ou comer frutas mesmo que numa quantidade maior que um kabeitsa. E se ele pediu a alguém para lembrá-lo de ler Meguila juntos, é permitido comer. (Chazon Ovadia, Purim p. 95)

 

Uma pessoa deve ler a Meguila à noite e voltar a lê-la durante o dia. É importante cumprir a mitsvá de forma pública (berov am), e inclusive cancela-se estudo fixo e cotidiano da Torá (Talmud Torá) para ouvir a leitura da Meguila. Mesmo que haja uma centena de pessoas no Beit Midrash, a mitsvá tem maior importância se lida na Grande sinagoga diante de um público maior. (Chazon Ovadia, Purim pag. 49)

Todos estão obrigados a ouvir a leitura da Meguila, homens, mulheres, e convertidos. Portanto, as mulheres que não puderem vir à sinagoga para ouvir a leitura da Meguila através do Shaliach Tsibur, devem ouvi-la através de uma pessoa que saiba lê-la. Embora o homem já tenha cumprido sua obrigação de leitura da Meguila na sinagoga, ele pode voltar e ler a Meguila em sua casa para fazer com que as mulheres cumpram a mitsva. (Chazon Ovadia, Purim pag. 50)

Aquele que lê a Meguila em casa a fim de possibilitar às mulheres cumprir a mitsva, deve recitar as bênçãos da Meguila, assim como se procede na sinagoga. (Chazon Ovadia, Purim pag. 53)

Aquele que ouve a leitura da Meguilá através do rádio, não cumpriu a mitsva, mesmo quando se trata de uma transmissão ao vivo. E aquele que ouve bênçãos através do rádio quando não se trata de uma transmissão ao vivo, não deve responder Amén. (Chazon Ovadia, Purim 56)

 

Quando o salão da sinagoga é muito amplo e a leitura da Meguilá é ouvida por um alto-falante, aqueles que estiverem sentados ao lado do Shaliach Tsibur de tal forma que, mesmo retirando-se o alto-falante, eles podem ouvir o Shaliach Tsibur, e o alto-falante apenas amplifica a voz do Shaliach Tsibur,  cumpriram a mitsva. Mas aqueles que se encontrarem sentados longe do Shaliach Tsibur que, sem o alto-falante, não seriam capazes de ouvir a leitura, não cumpriram a mitsva. (pág. 57)

Não se deve trazer crianças que não saibam se comportar adequadamente para a sinagoga, pois elas apenas atrapalham o público. E, levá-los à sinagoga, não apenas não é uma mitsva, mas um pecado de certa gravidade, pois atrapalha o público no cumprimento de uma mitsva (pag. 61)

Quem lê uma Meguilá à noite deve recitar três bênçãos antes da leitura, Al Mikra Meguila (sobre a leitura da Meguilá), SheAssa Nissim (“que fez milagres”), e Shehecheyanu (“que nos fez chegar a esse dia”).

Na leitura diurna,  não se deve recitar a bênção Shehecheyanu. (pág. 64)

Se ele esqueceu e não recitou  Shehecheyanu,  ou uma das outras bênçãos, antes de ler a Meguila, ele deve recitar a bênção assim que se lembrar, desde que não tenha terminado de ler toda a Meguila. E se ele tiver terminado de ler a Meguilá durante a noite e lembrar que não recitou Shehecheyanu, ele recitará Shehecheyanu na leitura diurna da Meguilá. (pág. 64)

Mesmo alguém que recitou todas as bênçãos e leu a Meguila na sinagoga, pode voltar e recitar todas as bênçãos, inclusive a bênção de Shehecheyanu, a fim de possibilitar às mulheres de sua casa de cumprirem a mitsva. (pág. 65)

Aqueles que se encontrarem nos doze meses de luto por seu pai e sua mãe, ou trinta por outros parentes, podem ler a Meguila em público e recitar Shehecheyanu. Além disso, se o enlutado for um Shaliach Tsibur regular na sinagoga e não há na sinagoga outra pessoa tão proficiente na leitura da Meguila quanto ele, poderá ler recitando todas as bênçãos. E o mesmo acontece quando lê em sua casa para que as mulheres possam cumprir a mitsva. E, de acordo com todas as opiniões, também  recita Shehecheyanu  . (pág. 66)

 

Alguns costumam que o público na sinagoga fique de pé durante as bênçãos da Meguila, sentando-se posteriormente durante a leitura, enquanto outros costumam que o público fique sentado seja na recitação das bênçãos, seja na leitura. E ambos os costumes são aceitaveis. (pág. 68)

Quem tiver uma Meguila Kshera (Kasher) disponivel e deseja recitar as bênçãos junto com o Shaliach Tsibur, pode fazer isso em voz baixa, em sussurro. Em todo caso, é melhor ouvir as bênçãos diretamente do Shaliach Tsibur, que pretende conduzir todos os presentes ao cumprimento da mitsva Berov Am. (pág. 69)

Aquele que lê a Meguila individualmente não precisa abri-la primeiro, mas sim recita as bênçãos e começa a ler, e quando terminar a primeira página, não o fecha como um rolo de Torá, mas o deixa aberto, e assim sucessivamente a cada página, até o término, ficando a Meguila aberta a sua frente como uma carta-despacho. Mas o ShaliachTsibur deve antes abrir toda a Meguila, e posteriormente recitar as bênçãos e ler. (pág. 74)

Quando terminar de ler a Meguila, ele não deve recitar a bênção final até acabar de enrolá-la do final ao começo. E assim tambem deve o Shaliach Tsibur esperar o público tempo suficiente para que cada individuo possa enrolar sua Meguila antes da bênção final, pois é reprovavel que a Meguila fique aberta desnecessariamente, e Meguila não deve ser enrolada durante a bênção. (pág. 75)

Alguns poskim permitem tocar a Meguila com as mãos, sem lenço, e há razão para esta leniência. Mas é bom lavar as mãos (Netilat Yadaim, sem bênção) antes de segurar a Meguila. (pag. 76)

A pessoa que deixar cair a Meguila no chão não precisa jejuar, mas deve dar uma soma de dinheiro à caridade. (pág. 78)

Deve-se ter muito cuidado ao ler a Meguilá para não pular uma unica palavra, e o melhor é que toda pessoa tenha disponivel uma Meguila Kshera em sua mão, de modo que, se não ouviu alguma palavra do Shaliach Tsibur, ele poderá retificar lendo pessoalmente de sua Meguila Kshera. Caso não tenha uma Meguila acessível, ao menos acompanhe a leitura de uma Meguila impressa. (pág. 78)

É proibido falar durante a leitura da Meguila até depois da bênção final. E se aquele que ouve a leitura falou algumas palavras enquanto o Shaliach Tsibur continuou sua leitura, não cumpriu a obrigação da mitsva, e é necessário que ele leia do mesmo versiculo que perdeu em diante (pág. 80)

O Shaliach Tsibur que lê a Meguila não deve parar no meio da leitura, mas se ouvir Kadish ou Kedusha, ele deve parar e responder, mesmo no meio do versiculo. Ele deve responder amen a uma bênção, similarmente ao caso de escutar uma bênção no meio dos pessukey dezimra[1]. Mas quem não tiver uma Meguila Kshera a sua disposição, e escutar Kadish ou Kedusha durante a leitura da Meguila pelo Shaliach Tsibur, não deve parar para responder, a fim de não sair prejudicado no cumprimento da mitsvá de leitura da Meguila. (pag. 82)

Uma pessoa que ainda não cumpriu a mitsvá de Birkat Halevana (bênção sobre a Lua) e enquanto lê a Meguila, percebe que a Lua ficou clara (descoberta) e tem receio de que, se esperar para recitar a bênção até o término da leitura, a Lua poderá ficar encoberta de nuvens, deve parar no meio da leitura e recitar Birkat Halevana, e posteriormente continuar a leitura da Meguila do lugar onde parou; e não deve parar exceto para a própria bênção (Birkat Halevana), e o restante dos versiculos, ele recita após a leitura da Meguilá. (página 83)

Aquele que leu a Meguila estando sonolento, caso não tenha efetivamente adormecido, cumpriu a mitsva. Mas aquele que ouviu a Meguila estando sonolento, não cumpriu. (página 83).

Após a leitura da Meguila, enrola-se a Meguila (fechando-a) e se recita a bênção final: Baruch Ata Ado-nai Elo-heinu Melech Haolam HaE-l Harav et Riveinu, etc. E se ele não recitou a bênção inicial ou final, cumpriu a obrigação de ler a Meguilá, pois as bênçãos não são condições para o cumprimento da mitsva. (pág. 88).

A pessoa que ler a Meguila sozinha ou relê na frente de mulheres (sem haver um minian) a fim de fazê-las cumprir a mitsva, ainda que recite todas as bêncãos iniciais (antes da leitura da Meguila), não deve recitar nenhuma bênção final (após a leitura), pois a bênção final e apenas um costume, e somente deve ser recitada perante dez pessoas. E aquele que recita a  bênção final da Meguilá quando não há dez pessoas entra na dúvida de recitar uma bênção em vão (beracha levatala), e não se deve responder amén. Em todo caso, caso haja dez mulheres no recinto ouvindo a Meguilá para cumprir a mitsva, aquele que lê pode recitar a bênção após a leitura, pois há no evento Pirsume Nissa (divulgação do milagre de Purim). E é possível considerar até mesmo menores de bar/bat mitsva que tenham chegado à idade de educação (aproximadamente 6-7 anos, dependendo do grau de maturidade da criança) para efeito de Pirsume Nissa perante dez pessoas, possibilitando assim, recitar a bênção final. (pág. 89).

 

Noite de Purim

Na noite de Purim, as pessoas comparecem à sinagoga vestidas com roupas de Yom Tov, que são mais elegantes do que as roupas de Shabat. Recita-se o salmo 22 “Al Aielet Hashachar” antes da oração da noite (Arvit). Na oração da noite, deve-se dizer Al HaNissim (“pelos milagres que D-us Realizou”), mesmo que ainda não tenham lido a Meguila. E se esqueceu e não disse “Al HaNissim“, caso não tenha proferido o nome de D-us na bênção seguinte (Baruch Atá Ado-nai), volta e recita “Al HaNissim”, mas se proferiu o nome de D-us (Ado-nai), não pode mais voltar, e diz”Al HaNissim” ao final de Elo-hay Netsor. Após a Amida , recita-se Hatsi Kadish, e não se deve recitar Kadish Titkabal antes do final da Kedusha após a leitura da Meguila. (pág. 99).

 

Leis do Dia de Purim

Ao amanhecer, recita-se a oração Al Hanissim (“sobre os milagres”), e após a chazara do Shaliach Tsibur, recita-se Hatsi (“meio”) Kadish, bem como não se fala Tachanun, tanto no dia 14 (Purim “geral” – prazot) quanto no dia 15 [Shushan Purim, celebrado nas cidades cercadas por muralhas no tempo de Yehoshua Bin Nun (Josue) – Purim “mukafim”)] . Tira-se um Sefer Torá e três Olim lêem na parasha “Vayavo Amalek”, repetindo o último versiculo para completar o número de dez versiculos lidos. Caso o último versiculo não for repetido, não há problema nisso, pois mesmo não havendo dez versiculos ao longo da leitura desta parashá, a parashá foi completada. Recita-se Hatsi Kadish, Ashrey Yoshvey Beitecha“, pula-se o Salmo 20, (Yaancha Hashem Beyom Tsara), Uva leTsion Goel até VeAta Kadosh, e lê-se a Meguila com suas bênçãos, exceto a bênção Sheheheyanu que já foi recitada à noite. (pág. 107,108).

Quando for lido o versiculo:

ליהודים היתה אורה ושמחה וששון ויקר

(aos judeus havia luz, alegria, etc) ao ler a palavra “ויקר – Vikar”, toca-se no tefilin da mão e da cabeça e os beija. E ao ler אגרת הפורים הזאת (“esta carta-despacho de Purim”), deve-se levemente balançar a Meguila. E aqueles que costumam todos os dias substituir os tefilin de Rashi pelos tefilin de Rabenu Tam antes de Ashrey Yoshvey Beitecha, devem fazer o mesmo em Purim, estando durante leitura da Meguila com Tefilin de Rabenu Tam. (pag. 108)

Se houver Brit Milá (circuncisão) no dia de Purim, o costume é realizar o Brit após a leitura da Meguilá e da reza de Shacharit como todos os dias. (pág. 109)

É bom fazer uma refeição de Purim somente após o cumprimento das mitsvot de Mishloach Manot (enviar refeições) e Matanot LaEvionim (presentes para os pobres). Mas degustar algo um pouco antes é permitido, e não há problema nisso. (pag 135)

 

[1] Pesssukey Dezimra: versiculos dos salmos lidos todos os dias na reza da manhã (Shacharit), entre Baruch Sheamar e Yshtabach.

 

Leis de Matanot LaEvionim

(Presentes aos Pobres – Do Livro “Chazon Ovadia”, Leis de Purim)

A mitsvá é dar dois presentes a dois pobres no dia de Purim, ou seja, um presente para cada pobre. E cumpre-se a mitsva dando-se dinheiro, uma refeição, ou qualquer outra coisa comestível, mas não através de utensilios ou roupas. A rigor, pode-se cumprir a mitsva doando-se uma Pruta (pouco menos de R$ 1.00) (pág. 165).

Aquele que dá dois presentes a um homem e sua esposa que são pobres, cumpriu a mitsva. E o mesmo ocorre se ele deu a um pai e a seu filho por ele sustentado. (pág. 167)

Se duas pessoas pobres se aproximarem e pedirem doação, e ele der a uma delas uma  moeda de grande valor com a qual pode-se adquirir dois presentes, e outra moeda com metade do valor da primeira para o segundo pobre, cumpriu a mitsva. Mas aquele que dá dois presentes a um único pobre, não cumpriu a mitsva. (pp. 167,168).

Cumpre-se a mitsva dando-se dinheiro a um menor de idade (pág.168)

Não se cumpre a mitsva condicionando a doação do presente a sua posterior restituição ao doador. (pág. 168).

Não se necessita ser rigoroso em relação a caridade em Purim (i.e., não precisa verificar para quem o dinheiro está sendo dado), todo aquele pede, doamos. (pág. 168)

É melhor para uma pessoa investir seu dinheiro em presentes para os pobres (Matanot Laevionim) do que em sua refeição familiar de Purim (Seudat Purim) e enviar refeições a seu próximo (Mishloach Manot), pois não há alegria maior do que alegrar o coração dos pobres, órfãos e viúvas. (pág. 168).

Mesmo um homem pobre que ganha a vida com caridade deve cumprir a mitsva de dar presentes aos pobres. E um homem pobre que deu um Real a seu amigo para cumprir a mitsvá, e seu amigo pobre retribuiu a ele o mesmo Real, ambos cumpriram a mitsva de presentes aos pobres. (pág. 169).

A mitsvá de Matanot Laevionim é durante o dia e não à noite, e deve ser cumprida após a leitura da Meguilá, pois os olhares dos pobres estão voltados para a esta leitura. (pág. 169).

As doações aos pobres em Purim não podem ser deduzidas do dízimo (maasser) que a pessoa reserva todos os meses, pois tudo o que é obrigatório vem apenas de Chulin (bens que ainda não foram destinados a uma mitsva específica). E somente se a pessoa disser explicitamente na época que começou a reservar o dízimo bli neder (“sem promessa”), e passa por dificuldades financeiras, poderá deduzir do dízimo para Matanot Laevionim. (pág. 170).

Uma pessoa que já cumpriu a mitsvá de presentes para os pobres de acordo com a halacha, e deseja aumentar a doação de Purim para outras pessoas pobres, pode deduzir do dinheiro doado como dízimo. Caso tambem queira acrescentar uma quantia maior, e dar um presente mais relevante aos dois pobres, ele tambem pode deduzir o acréscimo do dinheiro do dízimo. (pág. 170)

Aquele que perdoa a dívida de um pobre não cumpriu a mitsva de Matanot Laevionim, pois no momento não ocorreu um ato (ativo) de doação – o pobre não recebeu nada de sua mão – mas apenas um ato passivo de perdão da dívida. E mesmo que houvesse um empréstimo impresso num título de crédito, e a pessoa perdoou a dívida devolvendo ao pobre a nota promissoria, ainda assim o credor não cumpriu a mitsva de presentes aos pobres. (pág. 170).

Aquele que dá um cheque como Matanot Laevionim, cumpriu a mitsva (pág. 170)

Aquele que dá dinheiro a uma pessoa (Gabay Tsedaka) comprometida a distribuir o dinheiro da caridade aos pobres no próprio dia de Purim, cumpriu a mitsva. E mesmo que o pobre não saiba de quem recebeu esses presentes, o doador cumpriu sua obrigação de dar presentes aos pobres. (pág. 172).

Presentes aos pobres que foram dados no dia de Purim, e o pobre quiser usá-los para comprar roupas e sapatos para ele e sua família, ou outras necessidades domésticas, poderá fazê-lo, mesmo que tenham sido dados a ele com o propósito da refeição de Purim (Seudat Purim), ele pode mudá-los para a finalidade que desejar. (pág. 172)

 

Leis de Mishloach Manot

(Enviar Refeições ao seu Próximo – Do Livro “Chazon Ovadia”, Leis de Purim)

Uma pessoa está obrigada a enviar a seu amigo duas porções de dois tipos de comida, ou dois tipos de pratos, ou duas porções de carne em Purim. E cumpre-se a mitsva de Mishloach Manot tambem enviando carne, sardinhas, e outros alimentos em conserva. (pag. 117)

Quem manda roupas ou agasalhos para o amigo, ou uma caixa de cigarros, não cumpriu a mitsva de Mishloach Manot , pois é preciso mandar porções de comida ou bebida. Da mesma forma, um Talmid Chacham (erudito da Tora) que envia a seus amigos chidushim (“inovações de Torá”) ou Parparaot (“pensamentos logicos de Tora”), ou livros sagrados, no dia de Purim, não cumpriu a mitsva. (pág. 120).

Quem remete ao amigo carne e uma garrafa de vinho cumpriu a mitsva de Mishloach Manot, pois a bebida também é considerada como “porção”. E mesmo se enviar apenas dois tipos de bebidas, cumpriu a mitsva. Mas é preferivel enviar pelo menos dois tipos de alimentos “comestiveis”  (solidos). (pág. 124).

Os pratos devem ser enviados de dois tipos diferentes de alimentos. Mas um único tipo de alimento, ainda que dividido em dois recipientes, não acarreta o cumprimento da mitsva. Contudo, aquele que envia pedaços de carne de diferentes órgãos, ainda que do mesmo animal, cumpriu a mitsva, pois diferem em sabor e natureza. E mais ainda se houver pedaços de carne crua com os quais se podem fazer vários tipos de pratos, como assados ​​ou cozidos, através dos quais, cumpre a mitsva. (pág. 125).

Aquele que manda ao amigo um peixe frito com ovo é considerado apenas como um unico prato, e portanto, deve acrescentar outro. E o mesmo ocorre em relação àquele que envia a seu amigo um prato recheado de carne, em que há a necessidade de acrescentar um prato adicional de tipo diferente, de modo que haja dois pratos. E aquele que envia pão acompanhado de um prato, conta como duas porções de refeição, e desta forma cumpriu a mitsva. (pág. 126).

A priori, é bom enviar as duas porções de uma só vez, e não uma após a outra, porque através disso a importância delas fica mais evidente. E mesmo que tenha entregue os dois pratos num único recipiente, cumpriu a mitsva. (pág. 131).

Uma pessoa cumpre a mitsva de Mishloach Manot ao enviar ao rabino, pois o rabino também é considerado “amigo” para efeitos de cumprimento da mitsva. E também há uma importância de outra mitsvá nisso, a de honrar a Torá, pois honrando seu Mestre de acordo com sua estatura, ele está tambem honrando a Tora. O rabino que enviou porções a seu discípulo, cumpriu a mitsva. Tambem o filho que envia a seu pai porções, bem como o pai que envia ao filho, cumpriram a mitsva. (pag. 135).

Uma congregação que se reuniu e decidiu que cada um doasse para um Mishloach Manot respeitavel ao rabino da Congregação, cumpriu a mitsvá. E mesmo aqueles que participaram doando uma soma em dinheiro insuficiente para duas refeições, pelo fato de terem se juntado a seus amigos na mitsvá de Mishloach Manot que foi recebida com o devido respeito e alegria pelo rabino, cumpriram a mitsvá. (pág. 137)

As mulheres são obrigadas a mitsva de Mishloach Manot, e cada mulher deve enviar a sua amiga. Uma mulher casada não cumpre a mitsva através do cumprimento por seu marido, bem como não se deve um homem  enviar porções a uma mulher, ou uma mulher a um homem, para que não incorram em dúvida de kiddushin (dúvida se a mulher torna-se relacionada ao homem que lhe enviou por laços matrimoniais), mas cada homem para outro homem e cada mulher para outra mulher. (pag.140).

Os filhos que ainda são sustentados pelo pai, maiores de 13 anos, e as filhas maiores de 12 anos, estão obrigados ao cumprimento da mitsva de Mishloach Manot. E mesmo os menores que já chegaram a idade de educação e compreensão (6-7 anos),  devem ser educados ao cumprimento da mitsva. (pág. 142).

Um pobre que vive de caridade também está obrigado ao cumprimento da mitsva de Mishloach Manot . E se ele não tiver nada além dessas porções para a refeição de Purim, ele as trocará com seu amigo pobre, cada um enviando suas refeições, e desta forma cada um deles cumprirá Mishloach Manot e Seudat Purim. (pág. 143)

Quem envia refeições a seu amigo sob a condição de recebê-las de volta, não cumpriu a mitsva. (pág. 143).

Aquele que entrega pessoalmente suas refeições a seu amigo, cumpriu a mitsva, não havendo necessidade de entregar através de outra pessoa, mensageiro, ou entregador. Da mesma forma, a pessoa que envia refeições atraves de um menor de Bar/Bat Mitsva, ou mesmo atraves de um não judeu, o qual não pode servir de representante para cumprimento de mitsvot, ainda assim, cumpriu a mitsva. (pág. 143).

A pessoa que envia encomendas em Purim por um terceiro, não precisa saber se as encomendas chegaram à pessoa a qual foram enviadas, pois existe a presunção de que um representante (ou procurador) cumpriu sua missão. Mas se as refeições foram enviadas através de um menor de Bar/Bat Mitsva, deve-se averiguar se as encomendas chegaram ao seu destino. (pág. 147)

Quem envia refeições a um menor de Bar/Bat Mitsva, não cumpriu a mitsva, devendo enviar a um maior. (pág. 147)

Quem envia encomendas a uma pessoa “respeitavel” , cumpriu a mitsva, mas o mesmo destinatário “importante” não fica dispensado da mitsva de Mishloach Manot ao recebê-las, ainda que o remetente sinta prazer ao enviar as encomendas, pois em todo caso, é apenas uma satisfação pessoal, e não uma comida. (pág. 147)

Aquele que envia porções para outra pessoa e esta se recusou a recebê-las, deve o remetente cumprir a mitsvá enviando para outra pessoa. (p. 148)

O costume hoje é enviar doces como encomenda. Assim, aquele que enviar ao seu amigo porções de doces, e seu amigo não os possa comer por motivos de saúde (como por exemplo, diabéticos), cumpriu a mitsva, pois os doces podem ser consumidos pelos familiares do receptor. (p. 149, 150)

Aquele que envia porções anonimamente, e o destinatário não sabe quem as enviou, não cumpriu a mitsva, e portanto, o remetente deve reenviar de forma revelada para cumpri-la. (pág. 152)

Quem envia porções para seu amigo que é sefaradi, carne “kosher” (de acordo com a opinião do Rema , Rabbi Moshe Isserles, posse dos ashkenazim),  e não “glat-chalak”, conforme a opinião de Maran Habeit Yossef, não cumpriu a mitsva. (pág. 152).

Aquele que envia refeições para seu amigo e estas se perderam, deve enviar outras no lugar. (pág. 155)

No ano sabatico (Shemita) – aquele que envia frutas a outro, e já havia cumprido anteriormente a mitsva, e quer enviar frutas que cresceram no ano sabatico a outra pessoa, está permitido, desde que o informe de que se trata de frutas de ano sabatico. E a pessoa que recebeu porções, e quiser retribuir o presente enviando frutas de ano sabatico ao remetente, pode fazê-lo, desde que já tenha anteriormente cumprido a mitsva de Mishloach Manot, pois nada mais está fazendo do que retribuir um favor a um amigo. (pág. 154).

Aquele que envia porções a um pobre (evion), cumpre a obrigação de duas mitsvot: “Mishloach Manot e Matanot Laevionim“, após dar outro presente a outro pobre. E alguns poskim são rigorosos em não proceder desta forma, e é aconselhável levar suas palavras em consideração, dando dois presentes a outros pobres. (pág. 158)

Um morador da cidade Perazot (cidade onde Purim é celebrado conforme a grande maioria dos lugares), cuja Meguilá é lida no dia 14, que enviou refeições para seu amigo em Jerusalém, cuja Meguilá é lida no dia 15 (Shushan Purim, Purim em Jerusalem), e sabe que o destinatário dos presentes os comerá somente no dia 15, cumpriu a mitsva. (pág. 162).

Um morador de Jerusalém que enviou encomendas no dia 14 para as outras cidades de Israel que leram a Meguilá no dia 14, cumpriu a mitsva. Mas se ele lhes enviou no  dia 15 (Shushan Purim), não cumpriu, pois já não é mais Purim para os destinatarios. (pág. 164)

É permitido a um juiz receber uma entrega de porções em Purim de muitas pessoas, entre as quais uma que mais tarde virá como parte litigante. E isso sob condição de que ele não tenha mencionado no momento da entrega das encomendas que tem uma audiência de litigância perante o juiz, ficando o juiz competente para julgar o caso. De qualquer forma, se o juiz vê claramente que a entrega de porções enviadas a ele em Purim tem o propósito de corromper sua imparcialidade de julgar, e não apenas pela mitsvá em si, deve evadir-se de julgar o caso. (pag. 134)

Quem vai a uma loja ou restaurante e encomenda refeições para serem enviadas a seu amigo, cumpriu a mitsva, ainda que tenha pago a credito, e não a vista. (pág. 145)

Aquele que envia a seu amigo pratos proibidos de comer por decreto rabinico (como por exemplo, vinho não kasher), deve reenviar outros pratos kasher. (pág. 154)

 

Seudat Purim (Refeição Festiva de Purim)

É correto fazer a refeição de Purim antes da metade do dia (hatsot hayom) e estudar Torá (leis de Pessach) uma hora antes da refeição ou durante a mesma. (pag 181)

É uma mitsvá comer bem na refeição de Purim e cumpre-se a mitsva com uma unica refeição. As mulheres tambem estão obrigadas a fazer uma refeição de Purim. E a priori, deve-se fazer a refeição de Purim com pão, preparando a refeição com pompa, de acordo com suas possibilidades, e comendo carne bovina ou avina, e bebendo um pouco de vinho até adormecer em sua embriaguez. (pág. 173, 175)

Uma pessoa que sabe por si mesma que, caso se embriagar com vinho e outras bebidas intoxicantes, desobedecerá algum mandamento ou se absterá de recitar a bênção final do pão (Birkat Hamazon), etc., deve tomar cuidado para não beber mais do que uma pequena quantidade a fim de não se embriagar. (pag 180)

Aquele que jurou jejuar em Purim, uma vez que o juramento não é postergado pela mitsvá da festa de Purim, não tem permissão para cumprir a mitsvá Derabanan (rabinica) e quebrar seu juramento, e portanto, deve jejuar em Purim. (pág. 174)

Deve-se dizer “Al HaNissim” no Birkat Hamazon. E se ele esquece e lembra depois de dizer “Bendito és tu, ó Senhor, pela terra e pelo alimento”, está OK ,e não precisa voltar. Em vez disso, ele acrescentará no Harahaman: “O Misericordioso fará milagres e maravilhas conosco, como fez com nossos ancestrais naqueles dias e neste tempo, nos dias de Mordechay e Ester”, etc. E se diz no Birkat Hamazon de Purim “Migdol”. (pág. 182)

Se ele estendeu a refeição de Purim até a noite,  deve dizer “Al Hanissim” no  Birkat hamazon. Todavia, se rezou Arvit (a reza da noite) no meio de sua refeição, não mencionará “Al Hanissim” no Birkat Hamazon. (pág. 185)

Festa de noivos (Sheva Berachot) em Purim, quando realizada na casa do noivo, caso não houver novas pessoas (panim hadashot) no recinto, não se deve recitar sete bênçãos, pois precisa-se de novas pessoas em Purim, e não proceder como no Shabat ou Yom Tov. (pág. 185)

Uma pessoa que termina uma massechet (Siyum) em Purim, e faz uma refeição para este Syium, e resolve incluir nela a refeição de Purim, procede de forma corretissima, e não há razão para receio de cumprir mitsvot como pacotes (Chavilot Chavilot). (pág. 185)

 

 

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