Qual é a origem da ideia de que quem fala mal de seu amigo leva seus pecados, e seus méritos passam para a pessoa sobre a qual falou mal?

Ao honrado e respeitável, de mente e ideia puras, o estimado senhor Uri Wilchfort, que viva e prospere.

Aqui estou para responder às suas perguntas sobre quem fala mal de alguém, levando consigo os pecados da pessoa de quem falou, e os direitos dessa pessoa passam para a pessoa que falou, e alguns detalhes sobre isso, como segue:

1. Nos rishonim (rabinos que viveram cerca de 800-1000 atras) está explicado que quem fala mal de seu proximo perde seus méritos e os transfere para a pessoa sobre a qual falou maledicência,, e também suas transgressões são transferidas para quem falou mal dele, mas não está claro em suas palavras que isso se refere a todos os méritos e a todas as transgressões. E, na minha opinião, parecia que a intenção era apenas para todos os pecados e crimes da calúnia, ou apenas aquele pecado sobre o qual ele falou mal de seu proximo, e assim se entende das palavras do Chovot HaLevavot. No entanto, nossos sábios acharonim (rabinos de 500 anos atras ate a epoca contemporânea)  descreveram claramente que a intenção é de todos os mandamentos e transgressões, devido à gravidade do pecado de maledicência em comparação com todas as transgressões da Torá.
2. Aquele que falou mal dele, não escapará de todos os seus pecados sem arrependimento, mas quando falaram mal dele e ele ficou em silêncio e aceitou o juízo divino, seu arrependimento é leve e o pecado do falador cresce até os céus, proporcionalmente aos pecados daquele que foi falado. E mesmo os apedrejados, enforcados e outros executados pelo tribunal rabínico não têm perdão exceto através do arrependimento, e o Yom Kipur não perdoa exceto aos que se arrependem.
3. Toda a gravidade deste assunto se aplica especificamente àquele que é um difamador/caluniador, ou seja, que está sempre acostumado a espalhar boatos e falar mal dos outros, mas não se refere a uma pessoa que ocasionalmente cometeu o erro de falar mal.

Em relação ao difamador, que tomou os pecados dos outros sobre os quais falou, e perdeu seus meritos, sua penitência é difícil, pois ele está acostumado a falar mal e é difícil para ele se afastar deste mau caminho. No entanto, se ele dominar seu desejo e fizer penitência, o Santo, Bendito Seja, não se vinga de suas criaturas, e sua penitência é aceita e bem-vinda diante do Rei que se senta no trono da misericórdia, e todos os seus pecados são perdoados, e seus meritos são devolvidos. E há quem diga que também seu proximo, sobre quem falou mal, receberá recompensa correspondente aos meritos que já obteve, e não perderá com a penitência de seu amigo e com a reconciliação, pois já foi concedido a ele do céu.

Com saudação

Rabino Yosef Chay Siman Tov